sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Realidade ilusória...

Como uma brisa leve que passa, ou uma maré calma que enche e embate contra os rochedos suavemente, os pensamentos flutuavam na minha alma e embatiam contra a minha consciência. Por certo, não mais consciência se encontrava ali... apenas a mortalidade de um ser predominantemente sonhador, cujo mural das palavras e da razão se tinha varrido. 
Ali, imóvel, encontrava-me num estádio de latência profunda, cujos pensamentos não eram mais do que simples sonhos. Fantasias porém impossíveis de alcançar aos olhos da humanidade, mas cujo sentimento despertado em mim me impedia de as parar, ou de parar simplesmente de pensar.
Todo o amor que elas me traziam e o gosto suave daquela alegria ilusória, faziam de mim um objecto da minha própria inconsciência. Uma marioneta das minhas emoções. Uma prisioneira incapaz de lutar ou de libertar as suas amarras com o irreal. Faziam de mim tudo aquilo que eu queria ser, mas que por certo não era.
A fantasia, levava-me para longe sem dar um único passo. A dado momento, encontrava-me em todo o lado menos naquele canto onde me encontrava. Vivia tudo menos o que estava a viver, aquele momento de extrema serenidade e calma exterior, que se reflectia num movimento de constante força interior. A certa altura, nada me fazia despertar do mundo que eu queria idealizar, ou apenas era isso que eu preferia.
Porque ao despertar, a realidade cai sobre os sonhos, e estes sobre o chão duro e frio cujas brechas provocam desconforto, e cujo ruído de fundo incomoda. Porque ao acordar daquele sonho aparentemente interminável, o meu mundo deixaria de estar aos meus pés, e sob o meu controlo, e eu passaria a estar regida pelas suas leis e determinações.
Porque a cada minuto que passo acordada, só queria que estivesse a viver um sonho... um longo sonho, do qual um dia acordaria e sorriria ao dizer que afinal ainda tenho muito para viver e mudar, e que afinal eu posso construir o meu universo, o meu cantinho, do meu jeito...

"De sonhar ninguém se cansa, porque sonhar é esquecer, e esquecer não pesa e é um sono sem sonhos em que estamos despertos." 
Fernando Pessoa

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